
Comunidade do Condomínio Jardim Vitória acusa falta de diálogo e apoio do poder público em operação que ameaça centenas de famílias
A derrubada de moradias no Condomínio Jardim Vitória, localizado na Granja Modelo do Riacho Fundo I, provocou forte comoção entre os moradores, que denunciam a remoção forçada sem aviso prévio e sem alternativas habitacionais. A operação, conduzida pela Agência de Fiscalização do Distrito Federal (DF Legal) e pela Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística, tem como alvo casas supostamente irregulares, mas os moradores alegam que muitos dos imóveis atingidos são habitações de longa data, onde vivem crianças, idosos e famílias trabalhadoras.
A comunidade do condomínio, que abriga 265 casas habitadas, afirma que a ação foi realizada sem qualquer comunicação oficial e que, mesmo tentando dialogar com as autoridades, não obtiveram respostas concretas. Em vídeos divulgados nas redes sociais e em uma publicação da Prefeitura Comunitária da Granja, os moradores questionam a alegação de que são invasores.
“Se somos invasores, então cadê o mínimo de dignidade da pessoa humana? Porque até bandido tem direito a ser bem tratado… Pais de família trabalhadores não?”, diz um trecho do manifesto publicado no Instagram.
Além do impacto emocional da remoção, os moradores ressaltam a falta de alternativas habitacionais e de suporte do governo, deixando centenas de famílias desamparadas. “A pergunta é: cadê a justiça e o direito à dignidade humana?”, diz outro trecho da publicação.
A revolta também se estende ao tratamento que os moradores alegam estar recebendo por parte do governo. O texto publicado nas redes sociais critica a atuação de representantes políticos que anteriormente estavam em diálogo com a comunidade, mas agora apoiam as remoções. Um dos nomes citados foi o de Roney Nemer, que, segundo os moradores, antes se mostrava próximo da comunidade e agora teria solicitado à Justiça a remoção das famílias.
O caso levanta questionamentos sobre a política de regularização fundiária no Distrito Federal, uma vez que os moradores alegam que vivem na área há anos e que não receberam nenhuma proposta de reassentamento.
Até o momento, o Governo do Distrito Federal (GDF) e os órgãos responsáveis pela operação não emitiram um posicionamento oficial sobre as denúncias dos moradores. A falta de informações concretas tem gerado um clima de insegurança entre as famílias, que pedem uma intervenção urgente das autoridades para evitar mais remoções.
A comunidade segue mobilizada, buscando apoio jurídico e político para impedir que a operação continue. O caso reacende o debate sobre o direito à moradia, a legalidade das remoções forçadas e a necessidade de um planejamento habitacional que considere as famílias de baixa renda.
A ação comandada pelo ex-deputado Roney Nemer é vista como uma traição à comunidade, pois vai de encontro ao que o próprio governador Ibaneis Rocha (MDB) prometeu durante a campanha eleitoral. Nemer, que integra o partido da vice-governadora Celina Leão (PP), pré-candidata ao GDF em 2026, é acusado pelos moradores de trocar a política pelo legalismo. Enquanto almeja uma cadeira na Câmara Legislativa do DF (CLDF) e sonha com a presidência da Casa, analistas políticos apontam que seu embate com a comunidade pode enterrar seu futuro eleitoral e arrastar junto Celina Leão e o próprio Ibaneis, que busca se eleger senador.