Por Toni Duarte
O governador de Goias, Ronaldo Caiado (DEM), se manifestou nesta quinta-feira,criticando o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), dizendo que não é humano virar as costas para a população do seu Estado.
A reação de Caiado foi em decorrência da decisão de Ibaneis, de deixar de atender nos hospitais do DF, os pacientes do estado de Goiás, durante o período da pandemia provocada pelo coronavírus.
Diante da firme posição do governador do Distrito federal, ontem 14/05, Caiado chegou a Brasília, pediu desculpas e aceitou a proposta de cooperação de Ibaneis. Ambos vão atuar conjuntamente para atender a demanda da população do Entorno que precisa do atendimento médico.
Há mais de trinta anos, os sucessivos governadores que passaram e o que está no Palácio das Esmeraldas, sede central do governo em Goiânia, capital do Estado, só olham para a abandonada e sofrida população das 29 cidades localizadas nas fronteiras do DF, em períodos eleitorais.
A região do Entorno é a verdadeira “faixa de gaza brasileira”. É nula a presença do governo na região que pertence ao estado. Historicamente, a população de mais de 1 milhão, busca atendimento médico nos hospitais do Distrito Federal.
Neste período de pandemia, os leitos de UTis (Unidade de Terapia Intensiva) do Distrito Federal, seguem ocupados, em boa parte, por pacientes que chegam das cidades pertencentes ao Goiás por falta de atendimento médico por lá.
Outra grande quantidade de pessoas adoecidas por dengue também são tratadas nos hospitais do DF, fora outras enfermidades graves ou de média complexidade que precisam ser combatidas nos hospitais de referências do DF.
A preocupação do governador Ibaneis cresce a cada dia para não deixar faltar leitos e equipamentos nas unidades hospitalares para atender especificamente a população do Distrito Federal.
Durante a campanha de 2018, Ibaneis Rocha como candidato ao Buriti, se comprometeu em tirar a saúde do caos a que foi submetida por governos irresponsáveis nos últimos dez anos.
Para a região do Entorno, composta por municípios de Goiás e Minas Gerais, defendeu a criação da região metropolitana, mas o governo Caiado trabalhou contra a proposta.
Goiás, Bahia e Minas Gerais devem uma fábula ao GDF por não repassar o dinheiro usado pelo governo no tratamento hospitalar de pessoas oriundas desses respectivos estados.
O governador Caiado, que é medico de profissão, se recusa a reconhecer o pacto federativo que diz que o SUS é Universal, e que um ente federativo tem a obrigação de pagar pelo atendimento médico de qualquer cidadão goiano que esteja em tratamento em outro estado. Cerca de 30% dos moradores do Entono são atendidos no DF.
A posição de Ibaneis, foi de um estadista exemplar, que defende com unhas e dentes o seu povo que paga impostos e que precisa neste momento do atendimento médico, seja para se curar do coronavírus ou de outras enfermidades.
Foi corajoso fazer a fala que fez, ao decidir que deixaria de atender a população do Entorno nos hospitais do DF.
Ao anunciar esse tipo de posição, Ibaneis prova que é o único governador do Brasil que demostra publicamente a seriedade de um gestor que abomina tirar proveito político de uma tragédia que devasta o mundo e que já produziu muitos óbitos no Distrito Federal.
Tem tomado medidas duras e impopulares para proteger a sua população. Por causa disso, tem se destacado como o melhor gestor público em todo o país no combate a guerra contra o Covid 19.
Está preparado para defender o seu território e sua gente. Na semana passada, o governador do DF havia procurado o governador do Goiás, mas não foi recebido pelo seu colega no Palácio das Esmeraldas.
A posição de Ibaneis, em anunciar que publicaria um decreto para sustar o atendimento médico para pacientes do Goiás, apavorou Ronaldo Caiado que pensava que poderia deixar o que é de sua responsabilidade nas costas do DF.
Usou as redes sociais com alguns de seus subordinados para criticar a posição do governador do DF, na tentativa de colocá-lo contra o povo do Entorno. A sórdida estratégia não deu certo.
Por isso, foi obrigado a se deslocar até Brasília, na tarde de ontem, para conversar com Ibaneis.
Um pacto de cooperação mútuo entre os dois governadores foi estabelecido e fez com que Ibaneis recuasse do decreto que pretendia publicar ainda esta semana.
Saúde do Entorno na UTI
Vítima da roubalheira do dinheiro público e da falta de vontade política de governadores, o hospital de referência Hugo 9, construído na cidade de Águas Linda há mais de 15 anos, ainda é uma construção inacabada. Nunca funcionou como tal. O desperdício do dinheiro público é revoltante. (Veja a foto a cima).
O Ministério da Saúde resolveu destinar R$ 15 milhões para a recuperação do hospital, sendo que a contrapartida do governo goiano seria de R$1,5 milhão. O Hospital de Águas Lindas comporá a Rede de Assistência Médica na região mais carente do Estado, é a ideia.
Embora a União tenha disponibilizado o dinheiro rápido para a conclusão do hospital, o Governo Caiado anda em passos lentos para cuidar da saúde de sua população da região do Entorno.
A Assembleia Legislativa do Estado aprovou uma lei para que neste período de coronavírus, a gestão possa fazer compras emergenciais. No entanto, o governo Caiado irá fazer uma licitação que ainda está longe de sair do papel, apesar do povo precisar de um hospital o mais rápido possível na região.
Há relatos nos bastidores, que o governo estadual tenta empurrar com a barriga para inaugurar o Hugo 9 somente em 2021, um ano antes das eleições de 2022.
Caiado é candidato a reeleição e segundo seus opositores, não importa se quem está doente precisa ou não ser curado, agora terá que esperar.
Para enfrentar a pandemia do coronavírus na região do Entorno, o governo federal montou o 1º hospital de campanha em Águas Lindas. A estrutura será repassada ao governo estadual no próximo dia 21 de maio.
O Ministério da Saúde encaminhou ofício na última quinta-feira (7) ao governo daquele estado, explicando que já poderia ser dado início à contratação dos meios necessários ao pleno funcionamento do Hospital de Campanha.
De acordo com o MS , o governo de Goiás precisa providenciar urgentemente os recursos humanos, equipamentos, medicamentos, entre outros, em até 15 dias após a notificação.