Iniciativa apresenta 15 alavancas para liderar a transição climática no campo
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e 43 entidades e empresas — entre elas Amaggi, Bayer, Citrosuco, Nestlé, Syngenta e Tereos — entregaram hoje (9/10) ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, o estudo da Coalizão de Agricultura para Descarbonização, iniciativa inédita que reúne 15 alavancas concretas de mitigação de emissões e propõe soluções estruturantes em financiamento, tecnologia e governança para consolidar o Brasil como líder mundial em agricultura regenerativa e de baixo carbono.
Entre as alavancas-chave identificadas pela Coalizão de Agricultura para impulsionar a transição rumo a uma agricultura regenerativa e de baixo carbono, cinco se destacam por responderem por cerca de 80% da mitigação necessária até 2050: o sistema de plantio direto e de cobertura, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), a expansão de pastos de alto vigor (com alta fertilidade e bem manejados) e o aumento da produtividade do rebanho.
“A Coalizão de Agricultura simboliza um movimento inédito de cooperação entre empresas, governo e comunidade científica, capaz de transformar conhecimento em ação e ambição em resultados. Essa convergência de esforços fortalece o papel da agricultura brasileira como protagonista da transição para uma economia de baixo carbono, e evidencia a maturidade do setor ao construir, de forma colaborativa, soluções baseadas em evidências e voltadas para o desenvolvimento sustentável do país”, afirma Marina Grossi, presidente do CEBDS e Enviada Especial do Setor Empresarial para a COP30.
A Coalizão de Agricultura, que também contou com a colaboração de instituições científicas como Embrapa, Fundação Getulio Vargas, Fundação Dom Cabral e Universidade de São Paulo, integra os esforços setoriais em preparação para a COP30, que acontece em pouco mais de 30 dias em Belém (PA). O trabalho reforça o papel propositivo do agronegócio brasileiro e busca apresentar uma proposta unificada da cadeia produtiva para enfrentar os desafios climáticos, contribuindo com subsídios técnicos e estratégicos às discussões da conferência e à implementação da nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil.
“A agricultura brasileira tem condições únicas de liderar a transição para uma economia de baixo carbono sem perder em aumento de produção agrícola. O fato de podermos mitigar cerca de 80% das emissões através de alavancas que já são de nosso conhecimento técnico e vem sendo implementadas pelos produtores brasileiros, é diferente do que vemos em outros setores que ainda precisam de investimento em inovação ou até descobrimento de novas tecnologias. Outro ponto importante é que boa parte das alavancas garante maior rentabilidade no médio-longo prazo, ou seja, adiciona valor econômico ao produtor; mas a análise evidencia um ponto central para essa transição: a intensidade de capital no início versus velocidade de recomposição econômica e estabilidade produtiva. Dessa forma, o que precisamos é de um real mutirão para conseguirmos direcionar recursos para essa transição, e que não exige um capital ad aeternum. O resultado do estudo reforça a importância do Brasil na integração de segurança alimentar e combate às mudanças climáticas., destaca Juliana Lopes, diretora de ESG, Comunicação e Compliance da Amaggi.
O Agronegócio brasileiro é parte da solução climática do país, principalmente através da agricultura regenerativa, será necessário mobilizar ao menos entre 120 e 170 bilhões de dólares em crédito em condições adequadas. A Coalizão de Agricultura propõe enfrentar essa diferença por meio de soluções estruturantes que envolvem o aumento do capital catalítico — recursos de origem pública, filantrópico e fundos climáticos usados para atrair e destravar investimentos privados em projetos sustentáveis —, o acesso ampliado ao crédito verde, o incentivo à pesquisa e à inovação tecnológica e a valorização dos produtores que adotam práticas regenerativas, além do reconhecimento dos ativos naturais e da regulamentação do mercado de carbono no país.
A iniciativa faz parte do conjunto de coalizões setoriais coordenadas pelo CEBDS a pedido da Presidência da COP30, que também abrange os setores de energia elétrica, mineração e transportes. Todas seguem a mesma diretriz: transformar os compromissos do Acordo de Paris em ações concretas de mitigação, financiamento e inovação. Para o CEBDS, a COP30 marca uma nova fase, voltada à implementação efetiva das metas climáticas, em que o setor empresarial desempenha um papel essencial. Ao articular essas coalizões e promover o diálogo com o governo federal e organismos internacionais, o Conselho consolida sua atuação como elo estratégico entre o setor produtivo, o poder público e a sociedade civil.
Após concluir a etapa de articulação e construção do plano setorial, a Coalizão de Agricultura avança agora para sua fase de advocacy, voltada à implementação das ações propostas. O foco está em transformar as recomendações do estudo em medidas concretas, integrando-as a políticas públicas estruturantes, como o Plano Clima, o Plano Safra e o EcoInvest, além de outros mecanismos de financiamento e incentivo à produção sustentável. Essa integração é fundamental para garantir que as alavancas de descarbonização se tornem efetivas em escala nacional, promovendo uma transição sólida para uma agricultura de baixo carbono, competitiva e alinhada às metas climáticas do Brasil.
Acesse o estudo: Link
Sobre o CEBDS
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil sem fins lucrativos que promove, desde 1997, o desenvolvimento sustentável no Brasil, por meio da articulação junto aos governos e à sociedade civil, além de divulgar os conceitos e práticas mais atuais do tema. Voz do setor empresarial, o CEBDS reúne cerca de 120 dos maiores grupos empresariais do país, além de ser o representante brasileiro do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que está presente em 36 países e conta com 200 empresas associadas no mundo.
Sobre AMAGGI
Fundada em 1977, a AMAGGI é a maior empresa brasileira de grãos e fibras. Presente em diversas etapas da cadeia do agronegócio, a companhia atua na produção agrícola de grãos, fibras e sementes, originação, processamento e comercialização de grãos e insumos. Além de transporte fluvial e rodoviário de grãos, operações portuárias, geração e comercialização de energia elétrica renovável.
Com sede em Cuiabá (MT), a AMAGGI está presente em todas as regiões do Brasil, com fazendas, armazéns, escritórios, fábricas, frota fluvial e rodoviária, terminais portuários e centrais hidroelétricas. No exterior, a empresa possui unidades e escritórios na Argentina, China, Holanda, Noruega, Suíça, Singapura e Panamá.
A AMAGGI produz anualmente 1,3 milhão de toneladas de grãos e fibras, entre soja, milho e algodão. Possui uma base de relacionamento comercial de aproximadamente 5,6 mil produtores rurais e comercializa cerca de 20 milhões de toneladas de grãos e fibras em todo o mundo.