A intenção é dar aos jovens a sensação de famílias que muitos não tiveram” diz coordenadora na Unac de Ceilândia

Por Ary Filgueira

Na Unidade de Acolhimento de Crianças e Adolescentes (Unac) de Ceilândia a chegada de novos moradores geralmente também é feita à noite. Diferentemente dos abrigos provisórios, lá os abrigados devem ter até 17 anos e 11 meses e 29 dias. A capacidade de acolhimento é de até 16 jovens. Ao completar 18 anos, eles têm de deixar o lugar – a maioria volta para a família. Geralmente são jovens encaminhados pelo Conselho Tutelar e pela Vara da Infância e Juventude.

Situado na QNM 36/38 de Taguatinga, o abrigo tenta reproduzir as instalações de uma casa, com quarto mobiliado de cama e guarda-roupa, além de cozinha e sala. “A intenção é dar aos jovens a sensação de famílias que muitos não tiveram”, explica a coordenadora da unidade de acolhimento, Flávia da Guia.

Além de apreender a desempenhar tarefas de casa, como ajudar a conservar o local limpo e a fazer sua própria refeição, os adolescentes recebem tarefas pedagógicas e lúdicas praticamente o dia inteiro. “Aqui promovemos jogos e dinâmica de grupos. Estimulamos a arte, como pintura”, exemplifica a gerente da Unac de Ceilândia, Dione Marly Barbosa.

As lições pedagógicas são dadas pela educadora Cristiane Shimabuko. Pedagoga, ela é a responsável por preparar os jovens da Unac para o mercado de trabalho, por meio de programas do Governo do Distrito Federal como o Jovem Candango, da Secretaria da Juventude.

As lições são ministradas à noite. João Victor da Silva Prado Santos, 17 anos, tinha uma entrevista no dia seguinte e pegava umas dicas sobre como proceder durante a sabatina. Cada ato seu era corrigido por Shimabuko. “Se fizer assim, pode ser reprovado amanhã”, alertava a orientadora.

Vindo de Formosa, o jovem chegou a Brasília sozinho e chegou a morar na rua. Hoje, pensa em voltar a estudar e arrumar um emprego para se sustentar quando sair da casa onde vive com outros jovens na mesma situação. “Aqui temos tudo: comida, casa e dignidade. Algo que não tinha nem na minha família”, lamenta o jovem.

Já passava das 21h de quinta-feira (25/6) e a casa ainda estava com as luzes acesas. Naquele dia, o abrigo receberia mais um morador. Trata-se de um jovem retirado do convívio dos antigos tutores porque era submetido a situação análoga à escravidão. Agora, com o projeto do GDF, ele terá um lar humanizado onde terá condições de estudar. Em outras palavras, poderá sonhar com um futuro melhor.

Fonte: Agência Brasília

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