Petrobras tem lucro de R$ 59,89 bilhões no 4º trimestre, alta de 634%, e fecha 2020 com resultado bem melhor que o esperado

Por Ricardo Bomfim

Reversão de impairment e de gastos passados e ganhos cambiais acabaram impulsionando o balanço da estatal

A Petrobras (PETR3PETR4) registrou um lucro líquido de R$ 59,89 bilhões no quarto trimestre de 2020, de acordo com o resultado publicado nesta quarta-feira (24). O número veio muito acima da média das projeções dos analistas compilada pela Refinitiv, que apontava para lucro de R$ 4,88 bilhões no período. O resultado foi 634,6% superior ao de igual período de 2019, quando a empresa teve lucro de R$ 8,15 bilhões.

Esse número muito acima de qualquer projeção se deveu à reversão de impairment (deterioração de ativos na contabilidade) de R$ 31 bilhões, ganhos cambiais de R$ 20 bilhões e reversão de gastos passados do plano AMS, em R$ 13,1 bilhões, decorrente da revisão de obrigações futuras da empresa.

No ano a estatal teve um lucro de R$ 7,1 bilhões, revertendo o impacto da baixa contábil de R$ 65,3 bilhões reportada no primeiro trimestre devido à perda no valor de ativos e investimentos. O mercado esperava um prejuízo de R$ 47,73 bilhões em 2020. Apesar do valor positivo, o lucro de 2020 teve uma queda de 82% em relação a 2019.

Já o Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 47,04 bilhões nos últimos três meses do ano, totalizando R$ 142,97 bilhões em 2020. A média das expectativas era de que o Ebitda fosse de R$ 32,9 bilhões no quarto trimestre e de R$ 119,3 bilhões no ano.

A receita da Petrobras, por sua vez, foi de R$ 74,97 bilhões no quarto trimestre, atingindo R$ 272,07 bilhões no ano. Esperava-se receita de R$ 72,82 bilhões no último trimestre e de R$ 271,82 bilhões no ano.

Entre outros destaques, a dívida líquida da companhia foi de US$ 63,2 bilhões no fim de 2020, o que representa uma queda de US$ 15,7 bilhões em relação à posição de 31 de dezembro de 2019.

O fluxo de caixa operacional também foi apontado como positivo. “Nosso FCO alcançou US$ 28,9 bilhões, o maior dos últimos 10 anos, mesmo comparando com o período de preços de petróleo por volta de US$ 100 o barril do Brent, mais que o dobro do preço médio do ano passado, de US$ 42 o barril do Brent”, ressaltou Roberto Castello Branco, atual presidente da companhia, mas que deve continuar no cargo apenas até o próximo dia 20 de março, quando acaba o seu mandato. Assim, provavelmente, esta é a última vez que o executivo assinou o balanço da estatal.

“Custos foram reduzidos e configurados para permanecerem em trajetória descendente, a produtividade está subindo, a companhia está focada em investir em ativos de classe mundial e possui uma grande carteira de ativos não prioritários à venda”, completou o executivo.

Atenção à teleconferência

Os investidores devem ficar atentos à teleconferência de resultados amanhã às 10h (horário de Brasília), ocasião na qual a administração explicará o resultado e dará mais informações acerca da estratégia da empresa.

Depois do governo federal  anunciar na última sexta-feira (19) um novo nome para substituir Roberto Castello Branco no cargo de CEO da estatal, em meio à insatisfação do presidente Jair Bolsonaro com o reajuste aplicado nos combustíveis, muitos investidores ficarão ansiosos por alguma sinalização quanto ao que acontecerá daqui em diante.

A equipe do general da reserva Joaquim Silva e Luna, indicado por Bolsonaro para a vaga deixada por Castello Branco, já entrou em contato com a estatal para o processo de transição.

Fonte: infomoney.com.br

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