Partido historicamente ligado à esquerda surpreende ao questionar ação judicial contra ex-presidente
O Partido da Causa Operária (PCO), tradicionalmente associado à extrema esquerda, gerou repercussão ao se manifestar contra o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em publicação feita nesta sexta-feira (21), a legenda classificou o processo como uma “farsa” e uma “peça de ficção”, comparando-o às operações do Mensalão e da Lava Jato e alertando para riscos à democracia.
A declaração, assinada pelo presidente do partido, Rui Costa Pimenta, afirma que o julgamento não prosperará e que uma eventual condenação apenas fortalecerá o bolsonarismo. “A manipulação judicial não é progressista, não é democrática”, afirmou o partido, criticando o que chamou de “show de horrores” nas investigações.
A posição do PCO destoou da maioria da esquerda, que defende o avanço das investigações contra Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 e de suposta falsificação de certificados de vacinação contra a Covid-19. O partido já era crítico ao Judiciário, mas agora adota um discurso que, mesmo indiretamente, se alinha ao de setores da direita.
A declaração gerou reações tanto entre aliados quanto opositores. Enquanto setores da esquerda demonstraram perplexidade, bolsonaristas comemoraram o posicionamento como um reconhecimento de que o processo judicial contra Bolsonaro teria motivações políticas.
Nos bastidores, analistas apontam que o PCO mantém sua linha histórica de crítica ao Judiciário e suas operações, reforçando a tese de que decisões judiciais podem ser usadas como instrumentos políticos. O episódio evidencia as complexidades do cenário político brasileiro, onde partidos com trajetórias distintas podem, ocasionalmente, compartilhar críticas às instituições. Resta saber se essa posição será isolada ou se outras forças políticas seguirão a mesma linha.