Para Vinicius Walsh, especialista em transição de carreira, o momento favorece mudanças planejadas que combinam propósito, competências e leitura de tendências
O mercado de trabalho brasileiro começou 2025 em clima de confiança, impulsionado pela retomada das contratações. Entre janeiro e julho, mais de 1,3 milhão de trabalhadores foram admitidos com carteira assinada, segundo o Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O saldo representa um avanço de 2,8% e reforça a percepção de que o ano abre novas perspectivas para quem busca oportunidades profissionais.
Neste cenário, cerca de 26 estados constataram saldo positivo na geração de empregos, com destaque para São Paulo, que liderou a pesquisa com 390 mil vagas (+2,7%), acompanhado por Minas Gerais com 152 mil (+3,1%) e Paraná com 102 mil (+3,1%).
Em paralelo ao surgimento de novas vagas, muitos profissionais passaram a avaliar de forma criteriosa as possibilidades de se reposicionar no mercado por meio de uma transição estratégica de carreira. Esse movimento é confirmado por pesquisa da DataCamp, que mostra que 51% dos brasileiros consideram mudar de trajetória nos próximos anos, enquanto 56% acreditam que essa prática tende a se tornar cada vez mais natural para a geração atual e as seguintes.
Aproveitando o cenário favorável, o reposicionamento estratégico tem se consolidado como alternativa para quem deseja ressignificar a trajetória profissional, ampliar perspectivas de emprego e conquistar mais qualidade de vida. Para que essa mudança ocorra de maneira planejada e segura, o especialista em transição de carreira e diretor da Transite, Vinicius Walsh, destaca a importância de alinhar propósito, competências e demandas do mercado como condição essencial para uma transição bem-sucedida.
“Em períodos de retração econômica, as trocas costumam ser guiadas pela urgência de recolocação, o que limita escolhas e aumenta a pressão. Já em fases de crescimento, como a atual, existe maior margem para planejar o próximo passo com objetividade, avaliando setores em expansão, analisando tendências de longo prazo e alinhando decisões à realização pessoal e profissional. Em outras palavras, o momento oferece não apenas mais vagas, mas também melhores condições para reposicionamento e mudança de área”, aponta.
Apesar do aumento nas oportunidades, a concorrência também se intensifica com a abertura de vagas estratégicas. Para Vinicius, esse é o momento de superar os pares, desenvolvendo ‘soft skills’ que se destaquem na disputa pela posição. O especialista enfatiza que habilidades como comunicação eficaz, resiliência, adaptabilidade e inteligência relacional são fundamentais para que os profissionais se sobressaiam em ambientes cada vez mais complexos e em constante transformação.
“Empresas buscam cada vez mais pessoas que saibam trabalhar em colaboração, enfrentar imprevistos com equilíbrio e se adaptar rapidamente a novas demandas. Essas competências, muitas vezes invisíveis em um currículo, são as que garantem não apenas a entrada em uma nova função, mas a sustentação de resultados consistentes ao longo do tempo”, comenta.
Walsh explica que cada competência auxilia de forma diferente na busca de posições em novos setores. O diretor da Transite também indica que a ‘comunicação’, por exemplo, é essencial para traduzir experiências prévias em uma nova área, evidenciando que o candidato é relevante mesmo fora do contexto da vaga. Já a ‘resiliência’ demonstra maturidade emocional para enfrentar os desafios em períodos de transição.
Partindo para a ‘adaptabilidade’, Vinicius aponta que essa habilidade destaca capacidade de absorção de novas metodologias, cruciais para ingressar em áreas desconhecidas. E a ‘inteligência relacional’, por outro lado, funciona como um acelerador de integração, facilitando a construção de redes de apoio e parcerias internas.
“A primeira orientação é olhar para dentro: identificar quais habilidades técnicas e comportamentais já foram consolidadas e como elas podem ser transferidas para o novo setor. Em seguida, é essencial estudar o mercado de destino, entendendo suas exigências, tendências e os diferenciais valorizados. Paralelamente, é recomendável fortalecer as soft skills, investindo em práticas que estimulem autoconhecimento, feedback e inteligência emocional. Por fim, a transição deve ser tratada como um projeto de médio prazo: envolve planejamento financeiro, construção de networking e busca ativa por oportunidades de aprendizado que permitam uma entrada gradual no novo setor. Aproveitar o cenário otimista significa agir com estratégia, sem deixar que a pressa substitua a consistência necessária para uma mudança sólida e bem-sucedida”, conclui.

