Caso Corinthians e Vai de Bet levanta suspeitas de lavagem de dinheiro e suposto envolvimento com o PCC

Advogado criminalista Eduardo Maurício aponta fragilidade jurídica e exposição do futebol ao crime organizado.

Polícia Civil de São Paulo investiga um possível esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o Sport Club Corinthians Paulista, a casa de apostas ‘Vai de Bet’ e integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo relatório das autoridades, parte do valor do contrato de R$ 370 milhões firmado entre o clube e a empresa teria sido desviado para uma companhia de fachada, apontada como ligada à facção criminosa, com o objetivo de disfarçar a origem ilícita dos recursos.

As investigações começaram com o rastreamento de bens de um dos líderes do PCC e evoluíram para apurações mais amplas, envolvendo contratos milionários no mercado esportivo e possíveis fraudes contratuais. O caso acende um alerta sobre como setores legitimados — futebol e apostas esportivas — podem ser instrumentalizados para operações financeiras irregulares, com movimentações disfarçadas por contratos formais. As autoridades seguem mapeando transações suspeitas com base em dados fiscais e bancários, com o apoio do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e outros órgãos reguladores.

O caso veio à tona enquanto a CPI das Bets segue em andamento no Senado Federal, investigando denúncias de irregularidades envolvendo casas de apostas, manipulação de resultados e até contratos publicitários com influenciadores digitais. A CPI, no entanto, enfrenta um esvaziamento crescente: a 18ª sessão, que contou com o depoimento do influenciador Rico Melquiades, registrou o menor número de parlamentares membros presentes desde o início da comissão — apenas quatro membros compareceram. 

O ritmo lento e a falta de quorum levantam questionamentos sobre a eficácia da comissão e sua capacidade de produzir resultados concretos. Para o advogado criminalista, mestre em Direito pela Universidade de Coimbra e doutorando pela Universidade de Salamanca, Eduardo Maurício, apesar de seguir os trâmites legais, a CPI tem enfrentado dificuldades em avançar no combate efetivo ao jogo ilegal, reforçando a necessidade de medidas mais duras, sobretudo no bloqueio de fluxos financeiros que sustentam essas operações.

Eduardo também reforça que, apesar da gravidade do caso, as garantias constitucionais seguem fundamentais no curso das investigações. “Obviamente o suposto envolvimento do PCC, Corinthians e ‘Vai de Bet’ gera impactos jurídicos e legislativos, ainda mais no atual cenário de CPI das Bets. Porém, a presunção da inocência; devido processo legal; ampla defesa; contraditório; e a busca da verdade real dos fatos devem ser preservadas para todas as partes”, destaca o especialista.

O advogado complementa que, embora o caso traga grande repercussão, é improvável que influencie diretamente o comportamento dos apostadores. Para Eduardo, o episódio serve como alerta para o Estado reforçar o combate às casas de apostas ilegais e ampliar as exigências de integridade nas parcerias com o setor esportivo. “Não vislumbro possibilidade de isso influenciar nos apostadores e número de apostas esportivas no Brasil, e sim isso chama atenção para a necessidade de aumento de políticas de combate e prevenção às Bets ilegais, e sobretudo o alargamento do compliance a ser instituído nas Bets”, finaliza.

Ainda assim, o caso expõe a urgência de atualização das normas que regulam o setor de apostas no Brasil e das ferramentas legais para prevenir esse tipo de crime. A conexão entre contratos de patrocínio e possíveis esquemas de lavagem acende um sinal vermelho para clubes, investidores e o próprio poder público, atentando à necessidade de reforçar os critérios de análise e fiscalização sobre acordos milionários com empresas do setor.
Em caso de dúvidas, entrevistas ou contato com o especialista, ligue para (11) 99222-3627 (Dr. Eduardo Maurício | Advogado Criminalista, mestre em direito pela universidade de Coimbra e doutorando em direito pela universidade de Salamanca).

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui