Abril Indígena: ação do TRE-AM leva informações na língua original das comunidades indígenas

Eleitores de diversas etnias puderam se preparar para as Eleições 2022 em sua língua materna

Dynapu aipa’u pidian na’akan aimeakan paipen kawan at  dubatnii suu ipei pidian dukubatkary dun.” A maioria das pessoas que ler essa frase escrita em Wapichana não vai entender o significado. Mas ela representa muito: o caminho para a democracia passa pela inclusão de todas e todos. É com esse norte que a Justiça Eleitoral trabalha incansavelmente para levar cidadania, inclusão, representatividade e democracia às comunidades indígenas.

A partir desta terça (11), o Portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publica a série Abril Indígena – A JE em prol da cidadania dos povos originários. A ideia é  destacar, por meio das matérias especiais, as diversas iniciativas dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) nesse sentido.

Nesse texto de estreia, o relato de uma experiência que tem tudo a ver com a abertura deste texto. Dias antes do primeiro turno das Eleições 2022, o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) chamou representantes de cinco comunidades indígenas do Vale Javari para traduzir, na língua nativa das comunidades, as principais informações sobre o dia da votação. O anúncio foi feito, em dia e hora marcados, com o auxílio dos intérpretes, via rádio amador, para que todas e todos pudessem ouvir nas aldeias. 

A Terra Indígena Vale do Javari, que fica na fronteira do Brasil com o Peru, a mil quilômetros de Manaus (AM),  é a segunda maior do Brasil e foi homologada pelo Governo Federal em 2001.

Respeito 

Para a juíza Jacinta Santos, da 42ª Zona Eleitoral, de Atalaia do Norte (AM), responsável por várias comunidades e idealizadora da iniciativa, esta foi uma forma de fazer chegar, sem intermediários, as informações mais importantes para as eleitoras e eleitores das comunidades, mas, principalmente, de mostrar o respeito da Justiça Eleitoral à cultura de cada uma delas. A ação contou com o apoio da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) que auxiliou na seleção dos intérpretes, entre outros aspectos.

“Aumentou o alcance e a visibilidade das informações, afinal quanto mais pessoas informadas corretamente, melhor, mas reforçou o respeito que a Justiça Eleitoral tem pela linguagem dessas comunidades e o compromisso em levar o exercício da democracia a todas e todos”, disse.

Kamuu Dan Wapichana, de 54 anos, do Povo Wapichana, estabelecido principalmente no estado de Roraima, ativista ambiental e servidor público da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai),  acredita que cada vez mais os povos indígenas devam ter material de comunicação e informação na sua própria língua materna.

Segundo ele, a valorização das nossas línguas serve para o empoderamento de cada nação indígena e sua continuidade. “É notório saber que, em muitos casos, há um perigo iminente da extinção ou desaparecimento das línguas maternas dos povos originários. A Assembleia Geral das Nações Unidas, na Resolução A/RES/74/135, inclusive proclamou o período entre 2022 a 2032 como a Década Internacional das Línguas Indígenas. Então, ter material na sua própria língua é imprescindível”, ressaltou ele.

Francisco Filho Guajajara, de 45 anos, cacique da Aldeia Tekohaw Guajajara Noroeste, que fica em Brasília (DF), também destacou o papel da ação realizada pelo TRE de Amazonas. “Para nós, falar na nossa língua, no nosso dialeto, é muito importante. Mostra respeito, o que anda faltando muito hoje em dia pela sociedade em relação ao povo indígena. A língua é cultura, é nosso modo de viver”, reforça.

A série Abril Indígena será publicada até o dia 19 deste mês, quando se comemora o Dia dos Povos Indígenas. Acompanhe na área de notícias do Portal do TSE.

Fonte: TSE

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