De coadjuvante a protagonista, posição pode contribuir para consolidar presença feminina na política
Quando seus maridos são eleitos, as esposas assumem uma posição de destaque na política: se tornam as Primeiras-Damas. Sem um papel obrigatório oficial dentro dos mandatos, elas precisam encontrar seus espaços políticos como esposas dos homens encarregados de um país, estado ou município. A função absorve uma série de contradições. Se por um lado pode ser vista como “coadjuvante”, por outro pode ser um caminho para consolidar a presença feminina no poder público.
Mesmo sem uma função oficial nos governos, as primeiras-damas também não são meramente esposas dos políticos. Independentemente de quantos assessores os governantes tenham, elas se fazem ouvir, nem que seja com os comentários ao pé do ouvido. Durante quatro – e possivelmente ampliado oito – anos, elas também podem desempenhar um papel significativo dentro do Executivo.
Atualmente em Goiás, o posto de primeira-dama é ocupado por Gracinha Caiado. Ela tem percorrido o estado divulgando ações do governo atuando como uma verdadeira política, tendo sido, inclusive, peça fundamental durante o período eleitoral. A atuação tem ganhado tanta força, que seu nome é ventilado para uma possível candidatura no futuro.
Além de Gracinha, em Goiás várias primeiras-damas deixaram a de ser apenas esposas de governantes e tiveram suas próprias carreiras dentro da política. Lúcia Vânia, Maria Valadão, Iris de Araújo e Lídia Quinan são exemplos de ex-primeiras-damas que tiveram trajetórias políticas de sucesso com mandatos próprios e independentes dos esposos.
No cenário atual, o despontar de primeiras-damas também conta com outros nomes além de Gracinha. Só na Região Metropolitana, podemos perceber as ascensões de Vivian Naves (deputada estadual e primeira-dama de Anápolis) e Thelma Cruz (primeira-dama de Goiânia e suplente de deputada estadual), dentre outras.
Perfil histórico
Apesar da ascensão das mulheres nas últimas décadas, deixando de ocupar estritamente o espaço privado para ingressar também no público, elas ainda não conseguiram romper com os estigmatizados papéis de gênero.
Quando seus maridos são eleitos, as esposas assumem uma posição de destaque na política: se tornam as Primeiras-Damas. Sem um papel obrigatório oficial dentro dos mandatos, elas precisam encontrar seus espaços políticos como esposas dos homens encarregados de um país, estado ou município. A função absorve uma série de contradições. Se por um lado pode ser vista como “coadjuvante”, por outro pode ser um caminho para consolidar a presença feminina no poder público.
Mesmo sem uma função oficial nos governos, as primeiras-damas também não são meramente esposas dos políticos. Independentemente de quantos assessores os governantes tenham, elas se fazem ouvir, nem que seja com os comentários ao pé do ouvido. Durante quatro – e possivelmente ampliado oito – anos, elas também podem desempenhar um papel significativo dentro do Executivo.
Atualmente em Goiás, o posto de primeira-dama é ocupado por Gracinha Caiado. Ela tem percorrido o estado divulgando ações do governo atuando como uma verdadeira política, tendo sido, inclusive, peça fundamental durante o período eleitoral. A atuação tem ganhado tanta força, que seu nome é ventilado para uma possível candidatura no futuro.
Além de Gracinha, em Goiás várias primeiras-damas deixaram a de ser apenas esposas de governantes e tiveram suas próprias carreiras dentro da política. Lúcia Vânia, Maria Valadão, Iris de Araújo e Lídia Quinan são exemplos de ex-primeiras-damas que tiveram trajetórias políticas de sucesso com mandatos próprios e independentes dos esposos.
No cenário atual, o despontar de primeiras-damas também conta com outros nomes além de Gracinha. Só na Região Metropolitana, podemos perceber as ascensões de Vivian Naves (deputada estadual e primeira-dama de Anápolis) e Thelma Cruz (primeira-dama de Goiânia e suplente de deputada estadual), dentre outras.
Perfil histórico
Apesar da ascensão das mulheres nas últimas décadas, deixando de ocupar estritamente o espaço privado para ingressar também no público, elas ainda não conseguiram romper com os estigmatizados papéis de gênero.
Essa questão fica evidente na evolução do primeiro-damismo, por meio do qual elas exercem função política mesmo sem deter um mandato eletivo. As atividades que desenvolvem, ainda hoje, estão relacionadas à maternidade, ao cuidado com o outro e à assistência social.
Para a professora e historiadora Dayanny Rodrigues, o papel das primeiras-damas no Brasil ainda está muito relacionado ao patriarcado. Muitas vezes, a figura da primeira dama ainda é vista como a “mulher do presidente, do governador ou do prefeito”, sendo uma posição em que elas não tem direito de escolha.
“É muito difícil romper com as violências de gênero estando nesse cargo, especialmente com a cobrança para seguir um padrão estético e para ocupar um lugar específico um tanto atrás do presidentes. O papel de primeira-dama é tão machista que você não escolhe ser ou não”, explica professora.
A historiadora também comentou sobre as expectativas acerca da mudança de postura de Rosângela da Silva, a Janja, esposa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A socióloga já disse em entrevistas querer “ressignificar” a função de primeira-dama no Brasil.
“Acho que ela tem um arcabouço de experiência, de militância pessoal, de experiência profissional, as próprias experiências vivenciadas ao lado de Lula no processo da prisão, no processo da soltura, no processo da campanha, que dá um arcabouço muito bom para que ela, de certa forma, modifique esse conteúdo do que é ser uma primeira-dama no Brasil.”
Para a professora e doutora em Ciência Política pela Universidade de Brasília, Marcela Machado, a percepção que a primeira-dama passa para a população durante o mandato do marido e de como ela consegue ser protagonista nesse cenário, serão determinantes para seu futuro político.
“Geralmente, primeiras-damas tocam pautas mais assistencialistas, o que reforça a imagem de boa pessoa, da preocupação com o social, de ser uma pessoa que entende as necessidades das parcelas mais vulneráveis da sociedade. Isso facilita para que os partidos alcem essas candidaturas, além de que, muitas das vezes, as primeiras-damas são as únicas alternativas postas como sucessoras naturais dos mandatos de seus maridos, por conta do papel de destaque que ela conseguiu desempenhar”, afirma Marcela.
Ela acrescenta ainda que a mudança no perfil e no comportamento das primeiras-damas está atribuído a crescente participação e ao maior engajamento das mulheres no processo eleitoral.
“O movimento que estamos observando na política por termos mais mulheres participando do processo eleitoral vem causando essa mudança de perfil. Especialmente, mais incentivos, inclusive vindo da legislação eleitoral, à candidatura de mulheres, como o repasse de parte do fundo partidário para financiar candidaturas femininas”, disse a especialista.
Cultura e mudança de perfil
O debate sobre o papel da primeira dama ganhou força após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, embora o fenômeno nunca tenha deixado de existir no Brasil. Quando Michel Temer assumiu o poder, sua esposa Marcela Temer foi nomeada embaixadora do Programa Criança Feliz, assumindo um papel assistencialista historicamente atribuído às primeiras damas.
No Brasil, pode-se dizer que a cultura do primeiro-damismo tem como base a atuação de Darcy Vargas, esposa de Getúlio. Embora tenha assumido papéis patriarcais da época, ela mobilizou outras mulheres para o trabalho assistencial, criando em 1942 a primeira instituição para este fim: a Legião Brasileira de Assistência, a LBA.
A Constituição de 1988, então, torna a assistência social uma política pública com o objetivo de reduzir o caráter de “barganha política” que fora atribuído ao trabalho das primeiras damas. Dessa maneira, no âmbito nacional, o primeiro-damismo ressurge com Rosane Collor e, depois, com Ruth Cardoso, que passa a trazer inovações no combate à pobreza, mas dessa vez tendo em seu favor o fato de ser uma acadêmica.
Fonte: Jornal Opção