CEBDS e empresas associadas colaboraram com o governo brasileiro na elaboração de propostas para o Marco Global da Biodiversidade
Mais da metade do PIB global é moderada ou altamente dependente da natureza e de seus serviços ecossistêmicos. Isso significa que US$ 44 trilhões, em geração de valor econômico, estão expostos a riscos de perda da natureza. A falta de métodos internacionalmente padronizados para medição e quantificação de impactos e mensuração das dependências dos negócios em relação à natureza é um dos maiores desafios encontrados pelos negócios para realizar a gestão da biodiversidade, bem como investir na sua preservação e regeneração. Para discutir temas como estes, relacionados com a implementação de indicadores precisos para o Marco Global de Biodiversidade Kunming-Montreal, será realizada a 26ª Reunião do Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico, Técnico e Tecnológico (SBSTTA, na sigla em Inglês) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), em Nairóbi, no Quênia, entre os dias 13 e 18 de maio. Os resultados das discussões serão levados para a COP16, que ocorrerá em Cali, na Colômbia, em outubro.
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) defende a construção de indicadores claros e objetivos bem estabelecidos cientificamente e reconhecidos internacionalmente, assim como um sistema eficaz de monitoramento para preencher a atual lacuna de investimento para deter e reverter a perda de natureza até 2030, objetivo pactuado por quase 200 países, entre os quais o Brasil, que firmaram o Acordo Kunming-Montreal. Por isso, representará o setor produtivo no evento.
Para deter o declínio da biodiversidade global até 2030, é necessário que o volume de investimentos anuais cresça substancialmente, o que requer participação expressiva do setor privado. Mas, para isso, é preciso aumentar o nível de transparência em relação aos impactos e dependências em relação à natureza.
O Marco Global de Biodiversidade (GBF, na sigla em Inglês) define metas, parâmetros e normas para reduzir os danos à natureza gerados pela atividade humana. Para especialistas, o texto se equipara em importância ao Acordo de Paris – que estabelece os objetivos globais para combater as mudanças climáticas. Cada país deve internalizar suas metas nacionais para implementação do novo acordo por meio de suas Estratégias e Planos de Ação Nacionais para a Biodiversidade (EPANB).
O GBF e algumas das metas que ele apresenta fazem parte dos temas prioritários para o CEBDS, que será uma das poucas organizações do setor privado que irão acompanhar todas as discussões com participação dos governos no evento do SBSTTA. Desde o ano passado, o CEBDS vem promovendo uma série de debates com as empresas associadas para contribuir com recomendações para a implementação do Marco Global no Brasil, tendo engajado 63 empresas nessas discussões, representantes de diversos setores da economia.
O setor empresarial tem oferecido subsídios para apoiar o governo brasileiro nas discussões nacionais e internacionais ligadas à implementação do Marco, e gerou propostas que serão apresentadas em Nairóbi. O objetivo do setor empresarial é fornecer para as companhias métricas que contribuam para a medição e relato de seu impacto e sua dependência da natureza e, com maior riqueza de dados, seja possível aumentar os financiamentos ainda necessários. Neste sentido, a principal meta do Marco Global para as companhias é a 15, que determina que as empresas, incluindo instituições financeiras, avaliem e relatem seus riscos, impactos e dependência sobre a biodiversidade.
“A participação do setor empresarial nas discussões sobre o Marco Global de Biodiversidade é fundamental para alavancar a agenda da biodiversidade no Brasil e no mundo. O setor empresarial, que tem a meta 15 como um grande desafio, pode ser um parceiro relevante na construção e implementação de estratégias e planos de conservação da biodiversidade no país. O CEBDS, como uma instituição agregadora do setor empresarial, tem contribuído muito para essa jornada”, avalia Moara Morasche, colíder da Câmara Técnica de Biodiversidade e Biotecnologia (CT Bio) do CEBDS e que atua na Estratégia Climática e de Biodiversidade da Eletrobras.
Vanessa Pereira, coordenadora de Biodiversidade e Biotecnologia do CEBDS, apresentará as contribuições do setor empresarial para implementação das metas nacionais e suas recomendações, com enfoque na meta 15, no evento paralelo da CDB “Avanços e inovações na construção da Estratégia e Planos de Ações Nacionais para a Biodiversidade no Brasil, Peru e Colômbia”, que acontecerá no dia 14, durante o SBSTTA. O evento será moderado por Bráulio Dias, Diretor de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima, e contará com apresentações do governo da Colômbia e do Peru, bem como da Conservação Internacional e TNC.
O CEBDS também realizará um evento paralelo em parceria com a TNC e o WWF, no dia 14, focado na lacuna crítica de financiamento na conservação da biodiversidade e da relação com o clima.
Recomendações do Setor Empresarial
Entre as recomendações entregues ao governo e que serão apresentadas durante o SBSTTA estão a realização de um Plano de Execução Trifásico para a implantação da Meta 15, que inclui mapeamento das empresas de grande porte que possuem relatório de sustentabilidade e investimento em capacitação; estabelecer parâmetros para o reporte; e atingir o objetivo do novo Marco com progresso em potencial na Meta 15.
“O CEBDS atuou ativamente nesses três últimos anos na construção do novo Marco e no apoio às negociações da CDB, engajando o setor empresarial brasileiro e a sociedade nesse processo no intuito de promover a construção de um acordo global ambicioso e transformador, com foco na geração de impacto líquido positivo para a biodiversidade. Compreendemos que todas as metas estão integradas e são fundamentais para alcançar os objetivos do novo Marco”, destaca a diretora de Natureza e Sociedade do CEBDS, Juliana Lopes.
Já para a Analista Especialista em Biodiversidade da Vale e colíder da CT Bio do CEBDS, Leticia Guimarães, “o engajamento do setor privado nas discussões sobre a agenda global é de grande importância e o CEBDS tem buscado ampliar cada vez mais esses espaços e oportunidades. Temos a meta 15 destinada às grandes empresas, mas também podemos e devemos participar das discussões e contribuições para toda a agenda. Só vamos conseguir atingir as metas se trabalharmos juntos, todos os setores da sociedade engajados na busca de um objetivo comum – reverter as perdas e buscar um futuro positivo para a natureza.”