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Banco Central aprimora defesa antifraude do Pix com o MED 2.0

Taxa de recuperação de valores pode atingir 80%, explica especialista da VAAS

O Banco Central (BC) instituiu, recentemente, o Pix MED 2.0, uma evolução regulatória do Mecanismo Especial de Devolução (MED) que visa combater a crescente sofisticação das fraudes no sistema de pagamentos instantâneos. Com a implementação obrigatória para bancos e fintechs a partir de 2 de fevereiro de 2026, a medida promete transformar a segurança do Pix e elevar drasticamente a recuperação de valores desviados.

O sistema atual (MED 1.0) tem se mostrado ineficaz contra as táticas de criminosos, que pulverizam os valores roubados em múltiplas contas em questão de minutos. Atualmente, a taxa média de recuperação de valores em fraudes de Pix é considerada baixa, em torno de 8% a 9,3%, segundo dados de mercado e do próprio BC.

O custo da ineficácia é alto: estimativas da Febraban apontam que golpes com Pix geraram um prejuízo de quase R$ 3 bilhões em dois anos. Diante deste cenário, o MED 2.0 introduz o bloqueio em cadeia, rastreando e congelando os recursos em até cinco contas subsequentes à transação inicial.

“O Mecanismo Especial de Devolução anterior se tornou uma defesa falha, limitada à primeira conta do fraudador, que quase sempre já está vazia. O MED 2.0 representa um salto de maturidade do nosso ecossistema de pagamentos, pois ele ataca a principal tática criminosa, que é a pulverização. Para o setor financeiro, a obrigatoriedade de se adequar deve ser vista como uma oportunidade de recuperar a confiança do cliente e, mais importante, de tornar o crime de fraude por Pix muito menos rentável e mais arriscado,” afirma Gustavo Tremel, CEO e cofundador da VAAS, startup especialista em gestão de risco e compliance.

MED 2.0 ataca as vulnerabilidades do modelo anterior

O PIX MED 2.0 foi desenhado para atacar as vulnerabilidades do modelo anterior por meio de quatro pilares centrais.

. Bloqueio em cadeia: é a principal inovação. O novo protocolo permite o rastreamento e o bloqueio de recursos em até cinco camadas de contas recebedoras. A projeção do Banco Central é que esta capacidade eleve a taxa de recuperação de valores para até 80%.

. Automação via DICT: o Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT) será a ferramenta central para o rastreamento automatizado. O sistema passa a selecionar transações para notificação de infração com base em seus algoritmos e na priorização fornecida pela própria instituição pagadora (PSP), tornando a resposta mais ágil.

. Autoatendimento do usuário: clientes poderão contestar transações suspeitas diretamente pelo aplicativo de seu banco ou fintech. Esta funcionalidade visa reduzir o tempo de resposta inicial, fator crucial para o sucesso do bloqueio e recuperação dos valores.

. Governança reforçada: a criação do Grupo Estratégico de Segurança (GE-Seg) no âmbito do Fórum Pix estabelece uma instância permanente para análise de vulnerabilidades e a proposição de melhorias contínuas, sinalizando que a prevenção à fraude será um processo de constante evolução regulatória.

Requisitos e prazos para bancos e fintechs

A adequação ao MED 2.0 exige uma abordagem técnica e processual imediata, visto que a fase de uso facultativo começou em 23 de novembro de 2025 e a obrigatoriedade se inicia em fevereiro de 2026. Tremel explica que a implementação impõe três desafios cruciais e interligados às instituições financeiras.

O primeiro é a tecnologia e o tempo real, que exige a modernização significativa dos motores de risco para integrar o bloqueio em cadeia e agir em milissegundos antes da pulverização dos valores. O segundo é o rigor processual e o compliance, que demanda a automatização dos fluxos de trabalho internos para cumprir os prazos de 7 dias para análise de notificações e 24 horas para devolução. O terceiro é o risco financeiro,  decorrente da responsabilidade ampliada, que eleva o risco de liquidez e a necessidade de sistemas de monitoramento mais robustos, já que a instituição deve ressarcir o cliente com recursos próprios primeiro em casos de falha operacional no Pix Automático.

“A adaptação regulatória é só o começo. Com a agilidade do bloqueio em cadeia, a diferença entre recuperar ou perder um valor estará na velocidade e precisão do motor de risco de cada instituição. As empresas que investirem em plataformas de decisão autônoma e inteligência artificial para automatizar a análise de risco e o compliance sairão na frente, transformando uma obrigação em uma vantagem competitiva de segurança e eficiência”, conclui o  CEO da VAAS.

O novo regulamento busca fechar as brechas exploradas pelos criminosos, que se aproveitam da instantaneidade do Pix para escoar dinheiro por contas-laranja. O objetivo do BC é consolidar a segurança do Pix, um sistema que, apesar dos desafios com fraudes, já responde por uma fatia significativa das transações financeiras digitais no Brasil.

Sobre a VAAS

A VAAS é uma empresa de tecnologia especializada em gestão de risco inteligente. Sua plataforma ajuda equipes a automatizar processos, unificar a gestão de risco e tomar decisões com mais agilidade, autonomia e precisão. Fundada em Florianópolis e com presença em São Paulo, a VAAS combina experiência em inovação com soluções escaláveis, desenvolvidas para acompanhar as constantes evoluções do mercado de risco, compliance e crédito. Mais informações estão disponíveis no site vaas.live.

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Da Redação