Da Redação
Governador do Distrito Federal se reúne com Geraldo Alckmin para tratar dos impactos das tarifas americanas e propõe fórum nacional de governadores sobre o tema
Em meio à crescente preocupação com os impactos econômicos das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, se reuniu com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, para discutir ações de enfrentamento à medida. Durante o encontro, Ibaneis reforçou o convite para que o vice participe de um fórum nacional com os governadores, com o objetivo de construir uma resposta articulada e nacional diante do cenário.
“A reunião foi bastante produtiva. O vice-presidente nos colocou a par do que eles estão fazendo nessa questão das tarifas. E eu vim trazer pra ele um convite do nosso Fórum de Governadores. Todos os governadores muito preocupados. Uns vão perder mais, outros menos. Mas eu acho que nós temos condições de fazer um diálogo também com todos, unindo toda a classe política brasileira em torno desse que é um problema nacional”, declarou o governador.
Ibaneis destacou que o impacto das tarifas já está sendo sentido em diversos estados, com frigoríficos fechando as portas, empresas concedendo férias coletivas e cancelamentos de exportações. “Nós já temos notícia em diversos locais de fechamento de frigoríficos, de empresas dando férias coletivas pros seus funcionários. E em todas as medidas, uns perdendo mais, outros menos, mas quem perde do todo é a economia nacional”, alertou.
O governador reforçou que a interlocução com Alckmin foi bem recebida, e que as assessorias do GDF e da Vice-Presidência vão alinhar a data do fórum com os demais chefes de Executivo estaduais. “A ideia foi muito bem recebida e eu espero que em breve a gente esteja marcando essa reunião pra comunicar pra todos vocês da imprensa, pra acompanhar também e dar a divulgação necessária.”
Questionado sobre outros temas debatidos entre os governadores, Ibaneis foi enfático ao descartar que o tema da anistia esteja em pauta. “Nós não estamos tratando de anistia. Nós estamos tratando de temas que unam. Nós sabemos que nessa questão da anistia você nunca vai conseguir juntar o pensamento de esquerda com o de direita”, explicou.
O governador citou exemplos concretos dos prejuízos causados pela taxação americana em estados exportadores como Piauí, Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo. “Uma das principais pautas de exportação do Piauí, além do agronegócio, é o mel de abelha, que teve que retornar ao estado porque não conseguiu ser exportado. No Paraná e Santa Catarina, 700 funcionários foram dispensados de uma fábrica por conta dessas exportações. Espírito Santo também teve perdas com pedras raras e mármore.”
Sobre o Distrito Federal, Ibaneis pontuou que, embora o DF não seja diretamente impactado como outros estados exportadores, é fundamental manter a união nacional. “O Distrito Federal talvez não perca tanto, porque a nossa pauta de exportação é pequena e somos um estado consumidor. Mas o momento agora não é saber se a perda vai ser maior ou menor, mas é de união de todos, porque termina a população brasileira sofrendo bastante com isso.”
Ele concluiu afirmando que a expectativa é que o encontro com os governadores ocorra ainda antes do dia 1º de agosto, prazo em que as tarifas devem entrar em vigor. “Eu deixei pra ele bem aberto que o quanto antes ele quiser marcar, a gente faz o contato imediato com os governadores, traz aqui pro Brasil e faz essa reunião. Eu acho que ainda dá pra fazer muita coisa daqui pra sexta-feira.”
Entenda a taxação imposta pelos EUA ao Brasil
O governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, decidiu impor tarifas adicionais sobre uma série de produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto de 2025. A medida afeta diretamente setores do agronegócio, mineração e indústria de base, atingindo produtos como mel, madeira, carnes, minérios e pedras ornamentais.
Essas tarifas fazem parte de uma política comercial protecionista adotada pelos EUA para conter o avanço das exportações de países emergentes e proteger a produção interna americana. O aumento das alíquotas de importação prejudica a competitividade dos produtos brasileiros e pode gerar um efeito cascata na economia, com impacto direto no emprego, na arrecadação de estados exportadores e no equilíbrio da balança comercial brasileira.
Com isso, frigoríficos, madeireiras, cooperativas e empresas exportadoras já relatam perdas e suspensão de contratos, enquanto governos estaduais articulam, junto ao governo federal, soluções diplomáticas e comerciais que possam reverter a medida ou mitigar seus impactos.
A resposta do Brasil ainda está sendo construída. A expectativa é que a mobilização dos governadores e o diálogo com o vice-presidente Alckmin possam influenciar a construção de uma saída negociada para o impasse, evitando um colapso em cadeias produtivas fundamentais para a economia nacional.