
No 1º dia do Seminário Internacional Construção Nacional do Hip-Hop, autoridades, parlamentares, artistas e ativistas debatem sobre cultura, economia criativa e impacto social do movimento. O evento se estende até sábado (30).
A sexta-feira (29) começou diferente em Brasília. Hip-Hoppers de todo o Brasil e da América Latina se reuniram no auditório da Petrobras, na Asa Norte, para discutir o futuro do movimento e a ampliação da sua capacidade de atuar como ferramenta de transformação social e fonte de renda, especialmente nas periferias.
Os diálogos aconteceram durante o primeiro dia do I Seminário Internacional Construção Nacional do Hip-Hop, que se estende até sábado (30).
O encontro, que agita o cenário do Hip-Hop, além de debates e atividades, oferece apresentações culturais, gratuitas, dos grupos Atitude Feminina e Viela 17, e traz reflexões importantes sobre a necessidade de elaboração de políticas públicas inclusivas, além de abrir espaço para dar visibilidade às iniciativas nos territórios e reforçar a necessidade de discussão sobre o papel do Hip-Hop como patrimônio cultural.
A mesa de abertura do evento contou com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes; da assessora especial da Presidência dos Correios, Vilma Reis; do deputado distrital Max Maciel (PSOl); de Márcia Rollemberg, da Secretária de Cidadania e Diversidade do Ministério da Cultura (MinC), dos representantes do Movimento Construção Nacional Hip-Hop, Claudia Maciel e Rafa Rafuagi, além da professora Elen de Souza, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da representante da Petrobras, Vânia Mota.
Na ocasião, Margareth Menezes destacou os esforços para a reconstrução do Ministério da Cultura (MinC) e das políticas culturais, como a publicação de editais, a nacionalização do fomento e a criação dos Comitês de Cultura.
“Estamos buscando fazer as entregas da melhor forma possível porque é o mínimo que pode ser feito por um setor tão forte e que gera tanta colaboração para o Brasil, como é o setor cultural”, afirmou a ministra.
Segundo a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, o MinC tem o compromisso de estar ao lado e caminhar junto com o movimento. “É um seminário construído a várias mãos, que pensa no que a gente já fez, no que a gente ainda pode fazer e quais são os resultados, estratégias e como a gente adensa as políticas públicas”.
A secretária parabenizou a cultura Hip-Hop, que há 50 anos resiste, se articula e busca ter voz política para construir uma sociedade diferente.
“A gente finaliza esse Mês da Consciência Negra com esse encontro poderoso, onde vozes outrora silenciadas ecoam a força dessa ancestralidade, clamam por transformações, reivindicam direitos, pavimentam novos caminhos, quebram concretos, nascem da diversidade para a construção de presentes e de futuros mais justos e inclusivos. O Hip-Hop é uma cultura viva que salva vidas, nos salva, salva o Brasil”, acrescentou Márcia Rollemberg.
Já o deputado distrital Max Maciel (PSOL) ressaltou a missão do seminário e destacou a demonstração da força do movimento Hip-Hop.
“Isso aqui não é para qualquer um. Esse seminário, com uma mesa tão potente, é uma oportunidade para expressar a reverência ao movimento e, sobretudo, reafirmar o poder que esse movimento tem no país”, disse.
Rafa Rafuagi, da Construção Nacional do Hip-Hop, destacou que o movimento tem uma oportunidade ímpar, com o seminário, de novamente começar a reescrever uma história que vai ser mais democrática, mais coletiva e, ao mesmo tempo, impactante. Na ocasião, ele lembrou a necessidade de união no movimento.
“Nós viemos de famílias de periferia, de mães, que muitas muitas vezes nos criaram sozinhas. Viemos de territórios conflagrados, pelo crime e pelo tráfico, por isso é inadmissível que entre nós, irmãos e irmãs da cultura Hip-hop, haja algum motivo para discórdia”, disse. “Podemos ser divergentes, mas o respeito, ele tem que ser o cerne de uma construção. Sem respeito e debate de fundamento, não há consenso, e o movimento precisa de consenso, porque quando o movimento não está unido, para o governo, vai ser engavetado e o movimento hip-hop não vai ser engavetado. A construção, ela segue viva, mas precisamos de união. Somos nós que construímos e continuaremos a construir tudo isso”, completou.
Novembro negro e a luta por justiça racial – O seminário, que ocorre dentro do calendário da Campanha Cultura Negra Vive, celebra o Dia Mundial do Hip-Hop (12/11) e o Mês da Consciência Negra (20/11), é realizado pelo Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, o movimento Construção Nacional da Cultura Hip-Hop e a Universidade Federal de São Paulo. Conta com o patrocínio dos Correios e do Governo Federal, com o apoio do Ministério da Igualdade Racial, da Secretaria de Relações Institucionais, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Fundação Cultural Palmares e da Petrobras.
A programação é bastante diversificada e inclui debates sobre igualdade racial e a necessidade de elaboração de políticas públicas para o povo preto e periférico. Os diálogos destacam o papel das comunidades periféricas como epicentro do Hip-Hop e reforçam a conexão entre tradição e inovação, que surge como um dos principais motores para transformar realidades e ampliar a luta por justiça social e racial.
No sábado, o foco das discussões será a implementação de políticas públicas específicas para o movimento, com mesas como “Mulherismo Afrikana e Políticas Públicas para
Homens Negros” e “Cultura de Base Comunitária como Ferramenta de Transformação Social”.
O encerramento ficará por conta do grupo Viela 17, consolidando o Hip-Hop como uma força vibrante e necessária para a cultura brasileira.
Programação
No sábado, o evento continua, a partir das 9h, com as seguintes discussões:
9h – Mesa: Mesa Mulherismo AfriKana, Política Pública para homens negros e o Hip-Hop
11h – Mesa: Políticas Públicas para o Hip-Hop e o papel do Ministério da Cultura
14h- Mesa: Políticas Públicas e Cultura de Base Comunitária – Ferramenta de Transformação Social
16h – Mesa: A Cultura Hip-Hop como patrimônio imaterial – Da Diáspora ao Gueto
19h30 – Encerramento e programação cultural: Show Viela 17
Serviço
I Seminário Internacional Construção Nacional do Hip-Hop
Data: 29 e 30 de novembro
Horário: das 9h30 às 18h30
Local: Auditório do Edifício Petrobras – SAUN Q 1 BL D – Asa Norte, Brasília – DF
Assessoria de Imprensa: Ísis Dantas
Contato: (61) 9811-59068