Fortalecimento dos Laços Comerciais: Arábia Saudita Expande Relações com Brasil e Chile

Ministro da Indústria e Recursos Minerais da Arábia Saudita, Sua Excelência Bandar Ibrahim Alkhorayef. Foto/Divulgação

 A Arábia Saudita inicia uma missão econômica significativa, com o Ministro da Indústria e Recursos Minerais, Sua Excelência Bandar Ibrahim Alkhorayef, e o Vice-Ministro de Assuntos de Mineração, Sua Excelência Khalid Saleh Al-Mudaifer, em uma visita ao Brasil e ao Chile. Essa agenda de alto nível visa fortalecer os laços bilaterais, atrair investimentos para a Arábia Saudita e buscar oportunidades de investimento mutuamente benéficas nos setores mineral e industrial.
 

De 22 a 30 de julho, a delegação do Ministério visitará algumas das principais cidades do Brasil, incluindo São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, e também Santiago no Chile. A visita está alinhada com os objetivos da Visão 2030 da Arábia Saudita de diversificar a economia e transformar o Reino em uma potência industrial e econômica.
 

A delegação participará de reuniões estratégicas de alto nível com autoridades de alto escalão de vários ministérios no Brasil e no Chile. As autoridades sauditas também se encontrarão com representantes de empresas globais líderes nos setores de mineração, processamento de alimentos, aviação e outros setores industriais estratégicos. As principais reuniões no Brasil incluirão a Associação Brasileira de Mineração (IBRAM), Vale, Minerva Foods, JBF e BRF SA (um dos maiores produtores globais de alimentos frescos e congelados à base de proteína), entre outras entidades comerciais e industriais significativas. No Chile, Alkhorayef se reunirá com seu homólogo, o Ministro da Mineração, líderes importantes da Federação de Indústria Chilena (SOFOFA), gigantes da mineração como Codelco e Antofagasta, além de outros ministérios e empresas.
 

O Brasil e o Chile são conhecidos por seus vastos recursos minerais. O Brasil e a Arábia Saudita compartilham uma relação bilateral de longa data, que se estende por mais de 50 anos. Seus laços são amplamente baseados em produtos energéticos, minerais, produtos agrícolas e fertilizantes. A economia diversificada do Brasil, com setores fortes em mineração, agricultura, manufatura e serviços, apresenta inúmeras oportunidades para o fortalecimento dos laços comerciais. A Arábia Saudita já tem vários portfólios ativos de investimentos internacionais diretos no Brasil, incluindo uma recente participação de 10% na área de metais básicos da Vale, garantida pela Manara Minerals, uma joint venture entre o Fundo de Investimento Público (PIF) e a Ma’aden, a maior empresa de mineração da Arábia Saudita.
 

Além disso, a Saudi Agricultural and Livestock Investment Co. (SALIC) adquiriu 180 milhões de ações da BRF, líder global no setor avícola. Essa aquisição representa 10,7% das ações em circulação da BRF, avaliadas em avaliadas em SAR (moeda local da Arábia Saudita) 1,27 bilhões.
 

Por outro lado, a posição global do Chile como o segundo maior produtor de lítio, que é um mineral-chave usado na fabricação de veículos elétricos (EVs), está alinhada com o direcionamento da Arábia Saudita de expandir a produção de EVs. Essa visita apresenta uma oportunidade para o Chile e a Arábia Saudita trocarem e compartilharem conhecimentos e tecnologias nesse campo, assim como nas áreas de energia solar e eólica.
 

Na mesma linha, em junho de 2024, o CEO da Almar Water Solutions, que faz parte do grupo saudita Abdul Latif Jameel, Carlos Cosín, anunciou que a empresa está ansiosa para estabelecer uma parceria com a gigante estatal chilena de mineração Codelco em seu projeto “Maricunga” para produzir lítio. Cosín acrescentou, segundo a Reuters, que a empresa, que está sediada na Espanha, foca em soluções de tratamento de água para produzir energia renovável e quer aproveitar suas tecnologias na extração de lítio usado na fabricação de baterias, um processo que requer grandes quantidades de água.
 

A rica dotação geológica da Arábia Saudita é um atrativo significativo para os investidores, particularmente no setor mineral. O Reino oferece 80 anos de dados geológicos acessíveis para auxiliar em decisões de investimento. O mapeamento recente do Escudo Árabe aumentou o valor estimado das reservas minerais da Arábia Saudita de US$ 1,3 trilhões para US$ 2,5 trilhões.
 

Várias iniciativas foram implementadas para atrair investidores. Um esforço notável é a reformulação da Lei de Investimento em Mineração, realizada em 2019, que foi desenvolvida por meio de extensos benchmarks globais. Essa reformulação colocou o Reino no mapa global, ombro a ombro com os líderes mundiais em mineração, ganhando a reputação de jurisdição de mineração excepcional, como foi reforçado pelo Mining Journal World Risk Report 2023. O relatório destacou a Arábia Saudita como uma jurisdição de mineração de destaque, com o melhor desempenho regional e global. As pontuações do Reino aumentaram acentuadamente em termos de desrisco de investimentos em mineração de 2018 a 2023, sendo que o país se tornou uma das 10 principais nações com os menores riscos legais e financeiros — medindo-se o risco de um investidor perder o benefício econômico de uma descoberta mineral, a tributação corporativa e o crescimento do PIB. O relatório também classificou a Arábia Saudita como a segunda maior jurisdição global no Índice de Permissões, indicando um processo de licenciamento eficiente.
 

A lei reformulada trouxe muitos incentivos competitivos no setor de mineração e minerais, incluindo cofinanciamento de 75% para CAPEX, isenção de taxas de royalties por cinco anos, descontos de 30% para processamento local downstream até 90%, uma taxa de imposto corporativo de 20% e 100% de propriedade empresarial estrangeira direta. Em abril de 2024, o Ministério introduziu o Programa de Habilitação de Exploração (EEP), com uma alocação de US$ 182 milhões para reduzir investimentos em exploração, acelerar a exploração de greenfield, identificar novos potenciais minerais, expandir talentos locais e avançar objetivos-chave dentro da indústria mineral e de mineração da Arábia Saudita.
 

Além disso, a demografia jovem do país oferece um potencial de crescimento significativo em setores emergentes. Com dois terços da população abaixo de 35 anos, a Arábia Saudita tem uma força de trabalho vibrante, apoiada por um investimento governamental substancial em educação. De modo combinado com uma localização estratégica, infraestrutura robusta, ricos recursos minerais e incentivos atraentes para investimentos, a Arábia Saudita é um destino de investimento primário para o Brasil e o Chile.


A visita aos dois países deverá resultar na assinatura de acordos-chave que fortalecerão as relações bilaterais. Esses acordos se concentrarão em fomentar o crescimento mútuo, por meio de investimentos compartilhados, desenvolvimento sustentável e diversificação econômica, particularmente nos setores de mineração e industrial.

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